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O Perfil da Frota de Veículos no Brasil: Análises e reflexões dos aspectos Socioeconômicos

  • Sidcley Santos
  • 11 de nov. de 2024
  • 4 min de leitura

Este artigo foi produzido a partir de dados disponíveis no site do Ministério dos Transportes em junho de 2024.


Painel em Power BI: clique na imagem para ser direcionado ao painel

O perfil da frota de veículos no Brasil é, em muitos aspectos, um espelho das dinâmicas sociais, econômicas e culturais do país. Segundo dados de julho de 2024 do Ministério dos Transportes, o Brasil possui 121.125.125 veículos, o que equivale a um veículo para cada 1,7 habitantes. Esse número reflete não só o avanço da motorização nas últimas décadas, mas também as diferentes realidades regionais e econômicas do país.



Distribuição da Frota e as Disparidades Regionais


A distribuição dos veículos pelo Brasil é profundamente influenciada por fatores econômicos e de infraestrutura. A região Sudeste concentra 45,6% da frota nacional, sendo São Paulo o estado com a maior quantidade absoluta de veículos: 33.746.345 unidades, ou 27,8% do total nacional. Essa concentração acompanha o elevado grau de urbanização e desenvolvimento econômico do Sudeste, que abriga as maiores metrópoles e polos industriais do país. Em seguida, a região Sul possui 19,3% da frota nacional, reforçando seu alto nível de motorização e densidade de veículos.


Feito em Power BI pelo autor

Por outro lado, quando se observa a taxa de veículos por 100 habitantes, surgem nuances regionais e estaduais. A taxa média nacional é de 59,6 veículos para cada 100 habitantes, mas Santa Catarina, no Sul, lidera com 82,6 veículos, seguida pelo Paraná (78) e Rondônia (77,2). São Paulo, que detém a maior quantidade total de veículos, tem uma taxa de 76 veículos por 100 habitantes. Em Rondônia, destaca-se a alta presença de motocicletas, 29,6 para cada 100 habitantes, a maior do Brasil. Esses dados mostram que estados com grandes áreas rurais, como Rondônia, recorrem à motocicleta por seu custo acessível e capacidade de atender regiões de infraestrutura mais limitada.


A região Norte, com sua baixa densidade populacional e desafios logísticos, possui a menor taxa de motorização. O Amazonas, com 29,5 veículos por 100 habitantes, apresenta a menor taxa entre todos os estados. A região Nordeste, com menor renda per capita e ainda em expansão no desenvolvimento urbano, tem uma média de 39 veículos para cada 100 habitantes, enquanto o Centro-Oeste e o Sul possuem taxas mais elevadas, de 70 veículos por 100 habitantes, ambas refletindo suas realidades econômicas mais consolidadas.



O Perfil da Frota Nacional: Automóveis e Motocicletas em Destaque



Dentro do perfil da frota brasileira, predominam os automóveis, que representam 51,4% dos veículos em circulação, totalizando mais de 62 milhões de unidades. As motocicletas compõem 22,7% da frota, com 27,5 milhões de unidades. Juntos, esses dois tipos de veículos respondem por 74% da frota nacional, destacando-se como os principais meios de transporte para a população, especialmente em contextos urbanos e rurais com características diversas de infraestrutura e renda.


Distribuição por tipo agregado: **Foi considerado moto o conjuntos a somatória das motocicletas, motonetas e ciclomotores; OBS2: Foi considerado veículos de passeio, automóveis, comioneta e caminhonete.

A predominância de automóveis se reflete de forma significativa em São Paulo, onde estão concentrados 32% dos automóveis do país. O Distrito Federal, com 50,3 automóveis por 100 habitantes, apresenta a maior proporção de automóveis por habitante, seguido por São Paulo com 45,6 automóveis por 100 habitantes – valores bem acima da média nacional de 30,7 automóveis. Esse quadro sugere que em regiões de maior poder aquisitivo e infraestrutura urbana consolidada, a dependência de veículos próprios é expressiva, fruto de uma urbanização acelerada e, em algumas áreas, de limitações no sistema de transporte público.


A realidade das motocicletas, por outro lado, espelha outras condições socioeconômicas. No estado de Rondônia, a taxa é de 9,7 motocicletas para cada 100 habitantes, a maior do país, seguida por Mato Grosso (8,7) e Tocantins (8,1). A motocicleta, além de acessível, é um veículo adaptável a áreas rurais e urbanas, comumente utilizado para deslocamentos em regiões onde o transporte público é escasso ou inexistente. No Distrito Federal, ao contrário, onde o poder aquisitivo médio é mais elevado e o transporte urbano é relativamente acessível, a taxa de motocicletas é de apenas 1,1 por 100 habitantes, reforçando o papel das motocicletas como uma solução para contextos socioeconômicos específicos.



Caminhonetes: A Força do Agronegócio no Centro-Oeste


Entre os veículos utilitários, as caminhonetes têm papel de destaque, especialmente no Centro-Oeste. Mato Grosso apresenta a maior taxa de caminhonetes do país, com 8,8 unidades por 100 habitantes, quase o dobro da média nacional de 4,5. Rondônia, no Norte, aparece logo em seguida, com uma taxa de 7,9 caminhonetes por 100 habitantes.


Mapa temático: taxa das caminhonetes por 100 habitantes


Essas regiões são fortemente influenciadas pelo agronegócio, que demanda veículos robustos e adequados para o transporte em áreas rurais e para o escoamento da produção agrícola. No contexto do Centro-Oeste, onde o setor agropecuário é um dos principais motores econômicos, as caminhonetes são essenciais para a logística local e para a viabilização das atividades rurais.



Conclusão: A Frota Brasileira como Reflexo das Dinâmicas Socioeconômicas


A análise da frota de veículos no Brasil revela um retrato complexo das desigualdades e necessidades regionais. Enquanto regiões mais desenvolvidas apresentam altas taxas de motorização, fruto de maior urbanização e poder aquisitivo, outras áreas dependem de alternativas como a motocicleta para atender à demanda por mobilidade em contextos econômicos mais limitados e de menor infraestrutura. Em áreas como o Centro-Oeste, a relevância das caminhonetes está alinhada com a força do agronegócio, ressaltando a interdependência entre características econômicas locais e o perfil de veículos predominante.


A diversidade da frota nacional exige políticas públicas adaptadas às especificidades regionais, contemplando investimentos em infraestrutura, ampliação do transporte público e fiscalização eficaz. Compreender como os veículos se distribuem e como essa dinâmica se relaciona com o desenvolvimento socioeconômico é fundamental para melhorar a mobilidade e a segurança viária no Brasil, atendendo às demandas variadas que caracterizam nosso país.



Observações metodológicas


Os gráficos, tabelas e os mapas temáticos foram produzidos em Power BI. O link para acesso ao painel está disponível logo abaixo do artigo. A base de dados está disponível no Ministério das Cidades. O calculo de comparação entre as UFs foi a taxa de veículos por 100 habitantes, este modelo foi utilizado em um artigo de 2019 pelo Observatório da Cidade (Artigo).

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